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ARISTIDES DE SOUSA MENDES

ARISTIDES DE SOUSA MENDES

A vida de Aristides é "uma bofetada contra o egoísmo e o poder económico"

'Un Hombre Bueno' é o novo filme que narra a vida e obra de Aristides de Sousa Mendes. O Notícias ao Minuto esteve à conversa com o realizador, um argentino de ascendência lusa.

© Aristides de Sousa Mendes 

CULTURA DOCUMENTÁRIO
 

Aristides de Sousa Mendes (ASM) salvou cerca de 30 mil judeus do Holocausto, à revelia de Salazar, o que faz de si um herói da Segunda Guerra Mundial. A história do português comoveu Victor Lopes, um argentino com raízes portuguesas, realizador do novo documentário sobre o cônsul português em Bordéus, por altura da Segunda Guerra Mundial.

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'Um Homem Bom", assim se chama o novo documentário que relata a vida do diplomata português. O filme - de cerca de 30 minutos e filmado em Buenos Aires - narra o período da história de junho 1940 em que Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus (durante o período da invasão nazi alemã) assinou cerca de 30 mil vistos a judeus, salvando-os assim da morte quase certa no período negro do Holocausto e permitindo com que fugissem do país. Uma decisão que, por ser contrária às ordens de Salazar, engrandeceu a sua figura.

Ao Notícias ao Minuto, Victor Lopes conta que se apaixonou pelo humanista português em 2012, ao ler um artigo de jornal sobre a sua vida. Ainda sem data prevista para o lançamento, Victor adianta que o documentário se divide em duas partes: uma em que é fiel à história de Aristides e uma outra que é ficcionada.

Quando se apaixonou por Aristides de Sousas Mendes?

Em agosto de 2012 li ,no suplemento cultural do El País, um artigo muito interessante sobre a vida de Aristides. Chamava-se 'El Schindler portugués' e confesso que me comoveu. A partir daí senti-me ligado a este grande humanista português.

Qual a importância do diplomata na história e o que significa para si?

Sendo um homem como outro qualquer, não atuou como a maioria.Juntamente com Carlos Sampaio Garrido, José Brito Mendes e o Padre Joaquim Carreira foram distinguidos como 'Justos entre as Nações' [num memorial sobre o Holocausto em Jerusalém] pelo ato maior ato que pode fazer um ser humano: salvar vidas!

Considera existir um certo desconhecimento geral sobre quem foi Aristides?

Aqui na Argentina pouco se sabe sobre a vida de Sousa Mendes e o meu trabalho está feito para dar a conhecer a sua obra num período da história adverso.

Quando vai estrear o documentário e onde?

Este ano mas ainda não consigo adiantar uma data certa. Estamos atualmente em negociações com os organizadores de vários festivais de várias partes do mundo. Pelo interesse das pessoas que se têm dirigido a mim, a repercussão do documentário não será pequena.

Como foi o processo de recolha de informação sobre elementos históricos da época?

Tivemos de recorrer a alguns textos que se encontram na internet e que são de acesso público. Não há praticamente nada escrito sobre o Cônsul de Burdéus no nosso país. Mas conseguimos muita informação que não chegámos a incluir no documentário porque tivemos de fazer um resumo. Durante o ano de 2014 fizemos um trabalho de investigação sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes e, logo em 2015, apresentei um projeto à Legislatura de Buenos Aires para a colocação de uma placa em sua memória na Plaza Portugal, junto daquele que é o maior símbolo de Portugal em todo o mundo: Luís Vaz de Camões.

Em traços gerais, o que relata o documentário?

O documentário tem duas partes. Uma que é histórica e que resume a vida e obra de Aristides, e outra que é ficção, em que o embaixador deixa o escritório em Bordéus, depois de assinar os vistos, e percorre alguns lugares emblemáticos de Buenos Aires do período da ditadura Argentina entre 1976 e 1983.

O projeto teve apoios de Portugal?

Foi aprovado pelos deputados (na Argentina) e contou com o apoio das Embaixadas de França, Israel, Alemanha, além de outras instituições. Em relação a Portugal, lamentavelmente tivemos a oposição do atual embaixador em Buenos Aires, Henrique Silveira Borges, que não só nos negou apoio, como também se esforçou para que a placa [em honra de Aristides] não fosse colocada na Plaza Portugal. Não sei por que motivos.Acho que há políticos em Portugal que não percebem ou não querem entender a transcendência humanista e democrática de Aristides e, pior ainda, tentam escondê-la.O documentário é uma iniciativa privada sem apoios oficiais. Penso que se tivesse apoios oficiais de alguma instituição, isso podia limitar ou condicionar de alguma maneira a história que queria contar ao mundo.

Que tipo de ensinamento pode trazer a história de vida de Aristides nos dias de hoje? Que paralelo pode ser feito?

Acho que a história de Aristides mantém-se atual, tendo em conta o panorama de uma Europa convulsionada pela emigração. Precisamos de políticos que se esforcem para se colocar na pele do outro, daqueles que sofrem, que são perseguidos, que passam fome. A história de Sousa Mendes é uma bofetada contra o egoísmo e o poder económico que nos governa a todos sem se importar com as pessoas, com os seres humanos.Temos de lutar para sermos sociedades mais abertas e mais democráticas.Li recentemente que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Aristides e considero isso um grande gesto do Estado português. Assim como a reconstrução da sua casa natal em Cabanas de Viriato (Viseu), são sinais de que os portugueses veem, pouco a pouco, a figura de Aristides de Sousa Mendes como um herói. Contudo, não percebo como é que o Governo protege o cargo de pessoas como Henrique Silveira Borges.

O Victor tem ascendência portuguesa. Que opinião tem de Portugal?

Tenho primos e tios em São Brás de Alportel, no Algarve. Já visitei duas vezes o país e penso visitá-lo outra vez este ano. É um país que amo, com gente muito educada.

Tem agradecimentos a fazer?

 

Devo um profundo agradecimento às pessoas que me ajudaram a fazer este documentário e a cumprir um sonho. Naheul Vec, o actor que protagoniza a figura de Sousa Mendes, e Melissa Zwanck, uma excelente atriz argetina que relata a vida e obra de Aristides. Paula Fossati foi a realizadora, atenta a cada detalhe do guião. Tenho de agradecer especialmente ao neto de Aristides, António Moncada Sousa Mendes que me apoiou generosamente nesta aventura na Argentina.

 

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